14/02/2011

Embriagai-vos

A ma santé, 1995, Francine Van Hove


É necessário estar sempre bêbado. Tudo se reduz a isso: eis o único problema. Para não sentirdes o fardo horrível do Tempo, que vos abate e vos faz pender para a terra, é preciso que vos embriagueis sem cessar.

Mas – de quê? De vinho, de poesia ou de virtude, como achardes melhor. Contanto que vos embriagueis.
E, se algumas vezes, nos degraus de um palácio, na verde relva de um fosso, na desolada solidão do vosso quarto, despertardes, com a embriaguez já atenuada ou desaparecida, perguntai ao vento, à vaga, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tu...do o que foge, a tudo o que geme, a tudo o que rola, a tudo o que canta, a tudo o que o fala, perguntai-lhes que horas são; e o vento, e a vaga, e a estrela, e o pássaro e o relógio hão de vos responder:

- É a hora da embriaguez! Para não serdes os martirizados escravos do Tempo, embriagai-vos; e embriagai-vos sem tréguas! De vinho, de poesia ou de virturde, como achardes melhor."

Charles Baudelaire falou. Então tá dito.

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