24/08/2009

A arte de voar


O Guia do Mochileiro das Galáxias diz o seguinte a respeito de voar:
Há toda uma arte, ele diz, ou melhor, um jeitinho para voar.
O jeitinho consiste em aprender como se jogar no chão e errar.
Encontre um belo dia, ele sugere, e experimente.
A primeira parte é fácil.
Ela requer apenas a habilidade de se jogar para a frente, com todo seu peso, e o desprendimento para não se preocupar com o fato de que vai doer.
Ou melhor, vai doer se você deixar de errar o chão.
Muitas pessoas deixam de errar o chão e, se estiverem praticando da forma correta, o mais provável é que vão deixar de errar com muita força.
Claramente é o segundo ponto, que diz respeito a errar, que representa a maior dificuldade.
Um dos problemas é que você precisa errar o chão acidentalmente. Não adianta tentar errar o chão de forma deliberada, porque você não irá conseguir. É preciso que sua atenção seja subitamente desviada por outra coisa quando você está a meio caminho, de forma que você não pense mais a respeito de estar caindo, ou a respeito do chão, ou sobre o quanto isso tudo irá doer se você deixar de errar.
É reconhecidamente difícil remover sua atenção dessas três coisas durante a fração de segundo que você tem à sua disposição. O que explica porque muitas pessoas fracassam, bem como a eventual desilusão com esse esporte divertido e espetacular.
Contudo, se você tiver a sorte de ficar completamente distraído no momento crucial por, digamos, lindas pernas (tentáculos, pseudópodos, de acordo com o filo e/ou inclinação pessoal) ou por uma bomba explodindo por perto, ou por notar subitamente uma espécie muito rara de besouro subindo num galho próximo, então, em sua perplexidade, você irá errar o chão completamente e ficará flutuando a poucos centímetros dele, de uma forma que irá parecer ligeiramente tola.
Esse é o momento para uma sublime e delicada concentração.
Não ouça nada que possam dizer nesse momentos porque dificilmente seria algo útil.
Provavelmente dirão algo como: "Meu Deus, você não pode estar voando!"
É de vital importância que você não acredite nisso: do contrário, subitamente estará certo.
Flutue cada vez mais alto.
Tente alguns mergulhos, bem devagar no início, depois deixe-se levar para cima das árvores, sempre respirando pausadamente.
NÃO ACENE PARA NINGUÉM.
Quando você já tiver repetido isso algumas vezes, perceberá que o momento da distração logo se torna cada vez mais fácil de atingir.
Você pode, então, aprender diversas coisas sobre como controlar seu vôo, sua velocidade, como manobrar, etc. O truque está sempre em não pensar muito a fundo naquilo que você quer fazer. Apenas deixe que aconteça, como se fosse algo perfeitamente natural.
Você também irá aprender como pousar suavemente, coisa com a qual, com quase toda certeza, você irá se atrapalhar - e se atrapalhar feio - em sua primeira tentativa.

A Vida, o Universo e Tudo Mais - Douglas Noel Adams

16/08/2009

uma coisa que estou tentando dizer a um certo tempo:


É engraçado como que vejo as pessoas da minha geração se comportarem constantemente como saudosistas, jovens velhos. Buscam, no comportamento de uma época que não é sua, a simplicidade da vida, e a busca pela felicidade, e no fim, todos estão deprimidos, com uma sensação de vazio espiritual, auto-destruição. Vejo a impaciência tomando controle do dia-a-dia, uma real necessidade de mudanças urgentes, e frustradas. Mesmo assim, Insistem no mesmo movimento que é predestinado ao fracasso, e consequentemente a depressão pessoal, trazendo a apatia generalizada.

talvez quando falo que tenho preguiça de gente "muderna" é nesse ponto que toco. Sinto que tais pessoas não conseguem nunca sair do mesmo buraco, e tentativa de fugir disso, cavam cada vez mais profundamente. Entram num circulo vicioso, que as tornam em pessoas ocas. Claro que não posso me por a parte disso, como um grande eremita que tudo vê, porque está distante, porque é errôneo. Vivo entre tais pessoas, converso da mesma forma, para não estar sozinho, mas nada disso faz parte de mim. Sinto uma estranheza em ser tão supérfluo diante a vida, onde cada um geram apenas sorrisos amarelados.

Mas o principal de tudo, é que na luta pela simplicidade, tonam-se cada vez mais complexos, e perdem toda a essência. Aliás, esta é a palavra chave: essência, o que está mais rasa que um pires. tudo é tão rápido que pouquissimas pessoas conseguem atingir o entendimento pleno dos atos, e são transformados em prisioneiros das próprias buscas.


Divago. Mas da mesma forma que falei sobre essencia, sei que ninguém, NINGUÉM vai entender o que eu digo. porque estas são minhas impressões, meus pensamentos sobre o que vejo. E sei que sempre haverá pessoas que possam pensar parecido, mas nunca da mesma forma. Quero companhia para discussões, mas sei que não será possivel.