e eu me tornei apenas um bobo.

e feliz, nem que seja por alguns minutos.

Luciana.

estava fazendo uma limpeza completa na minha vida. quer dizer, tanto física como mental. Mais de 8 anos guardando cada papel que aparecia, que era rabiscado. Ai eu encontro recadinhos, telefones sem nomes, endereços, setinhas, provas que hoje não prestam pra nada (mas ofereceram por um dia o orgulho de ser melhor em algo), mas incrivelmente, pouquisimos desenhos.

eu ainda me pergunto se é o caminho certo.

mas o mais importante é que achei todos os meus poemas. pensei que tinha escrito meia dúzia, mas diabo, eu escrevi pra porra. só coisa inútil se lamentando mas é o que eu faço até hoje, certo? o engraçado que eu falo de flores da solidão, quase como uma referência as flores do mal de Baudelaire. eu me sentia com o próprio mal do mundo um mal auto consciente da própria merda de vida.

foi tudo pro lixo.

acho que joguei fora uma boa chance de sair da mediocridade, mas aquilo é um registro do que já fui. não sou mais. posso até tentar, mas nunca mais terei o mesmo feeling daquele tempo.

talvez eu seria melhor artista naquele tempo do que hoje.


é foda. EU FUI obrigado a ter que crescer e abrir mão daquilo tudo. "tornar-se homem adulto" teve um preço, deixar de sentir certas coisas e encarar o trabalho servil sem pestanejar. Isso porque eu abominava os militares e ria deles, mas eu fazia igual, só que dentro de um escritório.

okay, fugi do assunto. mas é que 8 anos guardados, pensando que seriam úteis um dia, de repente tornou-se lixo. e é uma merda ver que disso tudo o que importa são contas, informativos bancários, e nenhuma foto. nenhuma real demonstração de amizade.



onde estão esses últimos 8 anos?

em algum lugar da memória. com sorte.

quase 48h passando mal. dores, enjoôs, desarranjos intestinais, e é absurdo o que se passa na cabeça nesse momento: NADA. Voce só tem vontade de melhorar. Não existe vontade de fazer mais nada, a não ser poder estar de pé.

Nesse momento eu tentei ficar deitado de uma forma que apenas fosse mais confortável, e sem conseguir, comecei a pensar em coisas absurdas. sabia que não iria morrer, tinha certeza disso, mas imaginei, que se morresse ali, naquela noite, não meimportaria por não ter fomado na faculdade, ou por ter não feito do meu nome algo marcante para a história da arte (eu sei, é muita pretensão), ou até mesmo ter gostade de verdade de alguém. O que mais me importou foi as pessoas que eu gosto agora.

Foi apenas pensamentos e eu sabia que não ia morrer de verdade, mas questionei, será só isso mesmo que pensamos? Será que foi só isso no que picasso pensou quando morreu?

eta vidinha débil, no final mesmo NADA do que fizemos concreto vale, apenas as relações entre aqueles que apreciamos.

tava pensando aqui.... o que é o blog senão uma forma de dizer "oi, eu existo"? Na verdade é uma busca da individualização, de mostrar que existe e é diferente de todos

eu existo. e sou comum. não quero mais atraticos, quero ser alguém bem comum