estava fazendo uma limpeza completa na minha vida. quer dizer, tanto física como mental. Mais de 8 anos guardando cada papel que aparecia, que era rabiscado. Ai eu encontro recadinhos, telefones sem nomes, endereços, setinhas, provas que hoje não prestam pra nada (mas ofereceram por um dia o orgulho de ser melhor em algo), mas incrivelmente, pouquisimos desenhos.
eu ainda me pergunto se é o caminho certo.
mas o mais importante é que achei todos os meus poemas. pensei que tinha escrito meia dúzia, mas diabo, eu escrevi pra porra. só coisa inútil se lamentando mas é o que eu faço até hoje, certo? o engraçado que eu falo de flores da solidão, quase como uma referência as flores do mal de Baudelaire. eu me sentia com o próprio mal do mundo um mal auto consciente da própria merda de vida.
foi tudo pro lixo.
acho que joguei fora uma boa chance de sair da mediocridade, mas aquilo é um registro do que já fui. não sou mais. posso até tentar, mas nunca mais terei o mesmo feeling daquele tempo.
talvez eu seria melhor artista naquele tempo do que hoje.
é foda. EU FUI obrigado a ter que crescer e abrir mão daquilo tudo. "tornar-se homem adulto" teve um preço, deixar de sentir certas coisas e encarar o trabalho servil sem pestanejar. Isso porque eu abominava os militares e ria deles, mas eu fazia igual, só que dentro de um escritório.
okay, fugi do assunto. mas é que 8 anos guardados, pensando que seriam úteis um dia, de repente tornou-se lixo. e é uma merda ver que disso tudo o que importa são contas, informativos bancários, e nenhuma foto. nenhuma real demonstração de amizade.
onde estão esses últimos 8 anos?
em algum lugar da memória. com sorte.
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