14/10/2010

Prender-se a tarefas e obrigações para esquecer aquela dor. Ocupar a mente para poder dormir mais tranquilo. Permiir se escravizar e receber migalhas por isso, gastando-as com ajuda profissional ou afogando-se no alcool. Auto-destruição programada.

Essa maldita dor que não passa, mesmo eu fingindo estar bem.


O trauma é grande, a recuperação é lenta. A memória é vívida, e recordar faz certos demônios voltarem a tona. Então mais uma vez, tomo uma dose do mesmo veneno que tanto me fez cair em desespero. Burrice? Não. O que difere o veneno do remédio é a dose.

E cá estou eu a gostar novamente de uma pessoa.

Será que apreni a dose certa?

25/06/2010

A noite era perfeita.

Talvez não, poderia ser melhor, mas pra mim estava ótima.

Álcool, amigos, rock.

A cerveja estava gelada, uma mesa gigante, e todos ali de divertindo. falávamos de coisas triviais, coisas que falávamos todos os dias, mas ali era com uma outra intensidade. Riamos e nos divertíamos com essas preocupações que não faziam sentido naquele curto espaço de tempo. Riamos e não pagávamos por aquilo. Na verdade alguns de nós, nem a conta pagaram. Mas não importava. Beber de graça, e com graça, e com champanhe. Sem pretensão de nada além, um simples abraço, um olhar e um suave toque dos lábios, descompromissadamente.

Caminhamos em direção a música, sem se preocupar se seria bom ou ruim, porque sabíamos que já estava valendo a pena. Entramos pela pequena porta, um lance de escada que descia para o cubículo abafado, nosso "inferninho" particular. Quem tocava era nossos amigos. Quem cantava, tinha a seriedade de divertir com aquilo. Nós dançávamos, e gritávamos, e rimos, rimos muito. Aquilo valia o incômodo zumbido nos ouvidos que ficaria no dia seguinte.

Um pouco de ar, um cigarro, mais conversas, e de volta ao nosso ambiente. E antes que tudo se tornasse monótono e repetitivo, a minha despedida. Sabia que era cedo, mas estava tarde o suficiente para atender a responsabilidade pela manhã seguinte. Abraços, abraços, abraços, e aquele olhar novamente. Como não tinha percebido-o antes? Aqueles mesmos olhos que sempre os via e passava despercebido? Segui-os, e encontrei teus lábios novamente, para só então o beijo, simples, amigável, mas sincero. "Apenas amizade, sossegue", mas acho que não era eu que estava nervoso ali. Segui os passos que já havia traçado naquela noite, indo ao encontro do meu pobre e débil descanso.

Foi uma noite perfeita. Quem dera se durasse pra sempre.

02/06/2010

Não, eu não ando nada bem. Demorei um tempo pra tentar reunir esses tantos sentimentos que acontecem e mesmo assim, ainda não consigo compreendê-los.

Tenho apenas 23 anos, o que parecem muitos para mim, mesmo sabendo que aproveitei no máximo oito. Mas sinto já um pouco das coisas pálidas, sem intensidade. Incomoda-me o fato de precisar de coisas mais intensas, ou de não conseguir mais atingir a plenitude de tudo.

Perco-me. Expressar em palavras é mais difícil.


Na realidade, não sou quem sou. Se pudesse apresentar a mim mesmo aos 15 anos quem sou hoje, sentiria nojo e orgulho, e raiva, e estranhamento. Tenho a sensação que algo foi perdido em meio ao percurso, que o garoto que era preocupado em ser feliz criou um monstro em suas entranhas, e hoje ele é dominado por essas apreensões. Bebo e fumo, e abraço meus vícios, e comemoro tudo acaba sendo forçado no fim, porque não me sinto feliz. O final do dia é sempre a pior hora, é quando o amargo de tudo aquilo que poderia acontecer porque se eu tivesse feito melhor, se eu tivesse me esforçado mais aparece, e tudo ficasse pútrido.

Sempre de fora, o que mais me incomoda, definitivamente, é o fato de não conseguir mais me relacionar com as pessoas. Invejo quem tem amigos de longa data, pois não acho uma forma de me aproximar de qualquer outra pessoa, sempre me dedicando a coisas fúteis, como estudo, ou trabalho. Ficando associando as pessoas vazias. Sinto-me ermo, distante de todo sentimento que anseio por tocar, como uma mariposa insiste em se aproximar da luz. A dor se torna completa e lacerante quando me descubro gostando de alguém e consigo estragar todo o relacionamento por me distanciar demais e temer esta aproximação.

Agora, perdendo o prazer de sentir os sabores naturais de viver, me apaixono menos, me sinto menos a vontade de querer conhecer alguém interessante. Minto, anseio por esta situação, mas cada dia mais perde a vontade de conhecer as pessoas. Como artista visual, que tanto nego ser, sou um ser sensível, ou melhor, um ser visualmente sensível ao que é "belo", mas pelas marcas que trago desses curtos oito anos vividos, já tenho a desagradável experiência de entender que pessoas belas são vazias. E as interessantes de alguma forma não estão pertas assim de mim.

Se pudesse hoje, ter apenas um desejo realizado, era de ter uma companhia. Além dos prazeres sexuais, além da relação carnal, mas uma companhia REAL, que pudéssemos ser irmãos de alma, de troca de experiências e sem o medo de se revelar, por mais podre que sejamos por dentro.

Pode até parecer um punhado de lamentações, mas sofro silenciosamente todos os dias, e estou a ponto de me abandonar. Peço socorro.



20/02/2010

anestesia.














enjôo.

































































































so high

09/02/2010

o amarelo tornou-se todas as cores. 3 dias perfeitos, 3 dias onde tudo aquilo desejado outrora tornava-se pleno, e uma sensação de completude alastrava por cada canto do cômodo, agora cheio de vontade de estar vivo.

Então o amarelo desbotou-se em matizes de cinza. Como parte do equilíbrio natural, em algum momento tudo deveria ser pago. A base de toda história ruiu, deixando apenas artefactos de um tempo que não era suficiente, mas era real. o que era perfeito, tornou-se sem importância com o fim do princípio.

Agora o cinza transfigura-se em vazio, a ausência absoluta de cores, deixando apenas os resto de desespero que corrói cada canto do mesmo cômodo.

socorram-me.